JESUS E OS NAMORADOS

Um dos ensinamentos de Jesus mais mal compreendido, e muitas vezes deturpado e manipulado, é a lição em que ele diz:
– Vigiai e orai, para que não entreis em tentação. Na verdade, o espírito está pronto, mas a carne é fraca.
O corpo físico, a carne, é o invólucro, a “embalagem”, do espírito.
Ao reencarnar, o espírito molda o corpo físico, por meio da hereditariedade, de acordo com as tendências que traz em sua consciência.
Como “embalagem” do espírito, é natural que o corpo físico sofra os impulsos do espírito.
Esses impulsos, quando negativos, são chamados de tentações, que repercutem no corpo físico de acordo com a intensidade com que são sentidos pelo próprio espírito.
Como o corpo físico é frágil, pois tem um prazo de validade específico e está sujeito a desagregação após o desencarne, a intensidade do impulso pode ser sentida como uma espécie de paixão arrasadora.
A fragilidade da carne é no sentido de finitude, ao contrário do espírito que é eterno e, por isso, Jesus diz que ele, o espírito, está pronto. O corpo físico, ao contrário, precisa crescer e se desenvolver para que o espírito possa se manifestar no mundo físico.
As tentações, portanto, são impulsos negativos do espírito, que é eterno, mas que repercutem, algumas vezes de forma arrasadora, no corpo físico que é frágil, fraco.
Assim, ao se entregar às tentações, o espírito desgasta muito rapidamente o corpo físico.
E são muitas as tentações, os impulsos negativos que o espírito pode trazer de outras encarnações, como a gula, a luxúria, as tendências alcoólatras e toxicológicas, bem como as emoções desvairadas como o orgulho, a vaidade, o egoísmo, o apego.
Ao se entregar de corpo e alma a essas tentações, a carne, que já é frágil, se desgasta mais rapidamente, levando ao desencarne precoce, de modo que em uma próxima encarnação o corpo físico se estruturará ainda mais fragilizado do que o atual, tornando as tentações mais difíceis de serem suportadas.
Por isso, as tentações devem ser compreendidas e sublimadas, nunca reprimidas.
Infelizmente, historicamente, as religiões reprimiram os impulsos naturais do ser, como a necessidade de comer, beber, dormir, se relacionar, tornando-os tendências “pecaminosas”. Fizeram isso para que pudessem manipular os fiéis e mantê-los sobre as suas influências.
O namoro, impulso natural entre dois espíritos que se gostam e que querem aprofundar o relacionamento romântico, foi um desses impulsos reprimidos.
Ao invés de orientar o namoro para que seja um momento agradável, de conhecimento mútuo, de alinhamento de expectativas, de planejamento futuro, de descoberta sadia da sexualidade, o namoro foi tão reprimido a ponto de que em muitas culturas ele é completamente anulado, levando o casal a se conhecer no momento do casamento. Casamento que talvez não acontecesse se eles tivessem passado pela fase do namoro.
Paulo de Tarso compreendeu bem essa realidade a ponto de escrever a seguinte orientação ao jovem Timóteo: “foge também das paixões da mocidade, e segue a justiça, a fé, o amor, a paz com os que, de coração puro, invocam o Senhor”.
Ou seja, é necessário que façamos um esforço de sublimação dos impulsos negativos, procurando aquela pessoa com quem possamos exercer juntos a justiça, a fé, o amor, a paz e a pureza de coração.
Jovem! O namoro é uma fase especial durante a adolescência. É um momento em que nos descobrimos, descobrindo o outro com quem namoramos. Por isso, deve ser vivido de forma sincera, honesta, com respeito pelo outro como queremos ser respeitados. A carne até pode ser fraca sob os golpes da tentação. Mas o espírito é forte o suficiente para sublimar esses golpes quando há amor por outra pessoa.
Vinicius Del Ry Menezes